Ao Cair da Noite
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Ao Cair da Noite

Fórum para discussão e criação do RPG Ao Cair da Noite, de Tiago José Deicide Galvão Moreira, autor de Anjo: A Salvação e Demônio: O Preço do Poder.
 
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 Ciência e o Sobrenatural

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O Pi

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MensagemAssunto: Ciência e o Sobrenatural   Ciência e o Sobrenatural EmptyTer Jul 19, 2016 10:30 pm

Deicide, ainda tem aquele texto que foi publicado na UH sobre a relação entre a ciência e o sobrenatural?
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Deicide
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Deicide


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MensagemAssunto: Re: Ciência e o Sobrenatural   Ciência e o Sobrenatural EmptyQua Jul 20, 2016 4:58 pm

A CIÊNCIA DO SOBRENATURAL

Na ficção, o sobrenatural pode ser tratado de diversas formas, mas uma abordagem muito comum atualmente é torná-lo apenas uma forma de ciência que não foi ainda totalmente compreendida. Nesse tipo de ficção, é possível interagir com ele usando aplicações científicas: óculos para ver o invisível, armas capazes de aprisionar fantasmas ou queimar vampiros e até detectores de magia ou espíritos. Este não é o caso de Ao Cair da Noite.

Em Ao Cair da Noite, o sobrenatural não é uma ciência. Ele segue uma lógica própria e certas regras, mas existe além das convenções da física, da química ou da matemática. Isso é necessário para explicar porque o mundo fictício de Ao Cair da Noite é similar ao real: se o sobrenatural pudesse ser quantificado, estudado, comprovado e reproduzido, então seria ridículo negar sua existência e não integrá-lo ao conhecimento aceitável e à tecnologia humana.

Como Narrador ou jogador, haverá momentos em que você se perguntará o que acontece quando ciência e o impossível se encontram. O que impede que o sobrenatural seja provado? O que o faz ser tão incerto, tão desconhecido? O que acontece quando um personagem tenta analisar cientificamente vestígios da presença do impossível? Por que não há registros, filmagens, gravações ou sinais confiáveis da existência da realidade metafísica?

Este artigo se dedica a explorar essa faceta de Ao Cair da Noite, apresentando de forma sucinta os desafios da ciência diante do impossível. O objetivo aqui é manter o cenário de jogo verossimilhante, fornecendo a Narradores e jogadores idéias de como pode existir um mundo como o nosso, mas habitado também pelo sobrenatural.

A CIÊNCIA E O INEXPLICÁVEL

Para ser considerado conhecimento científico, um fenômeno deve ser observado, testado e reproduzido, e aí se torna óbvio porque o mundo invisível é considerado anátema pela ciência:

O Sobrenatural é Efêmero: Seus resultados nunca duram, e as leis naturais eventualmente retomam o controle e desfazem qualquer obra paranormal. Por causa disso, nunca há provas de que o sobrenatural existe, apenas evidências de sua passagem. Essas evidências podem alertar os mais atentos (e os crentes) de que algo não-natural ocorreu, mas não são suficientes para comprovar a existência dos fenômenos metafísicos que as geraram.

O Sobrenatural é Transcendente: Eventos sobrenaturais podem afetar o mundo material, mas se originam em realidades além, onde as leis da física não se aplicam. Por causa disso, os efeitos do sobrenatural são desprovidos de causas visíveis: um objeto pode voar, mas não há origem para a força que o mantém no ar; as propriedades de um material podem se alterar, mas não há qualquer reação química ou física que explique essa transformação.

O Sobrenatural é Incerto: Fenômenos naturais podem ser reproduzidos ou, pelo menos, observados sob condições apropriadas. O sobrenatural, contudo, é uma força que depende de mais do que condições propícias. Qualquer pessoa, por mais ignorante que seja, pode reproduzir um fenômeno científico se receber e seguir corretamente as instruções para tal. O sobrenatural, contudo, exige mais do que fórmulas: ele é movido por vontade, crença e conceitos. Seguir os passos de um rito místico não garante um resultado satisfatório; estudar magia não é o suficiente para fazê-la ocorrer. Um místico experiente pode compensar erros na execução de um ritual através de foco e disciplina, ou pode seguir os passos perfeitamente e ainda assim falhar devido a um instante de dúvida ou distração.

TESTEMUNHAS

“Por que as pessoas não percebem o sobrenatural ao seu redor?”

Diariamente, milhares de pessoas têm contato com o sobrenatural em todo o mundo. Praticamente todo mundo já esteve ou ainda estará na presença de algo não-natural em algum momento da vida, e algumas pessoas são azaradas o suficiente para presenciarem o impossível mais de uma vez. Ainda assim, continuamos alheios e céticos, e insistimos em desacreditar. Como isso é possível?

A resposta está no fato de que a maioria dos fenômenos sobrenaturais é imperceptível: fantasmas e espíritos incapazes de interagir com a realidade física, magia que afeta mentes sutilmente, entidades que nos visitam em sonhos, criaturas invisíveis que não desejam se expor. No máximo, pode-se testemunhar vultos, ouvir vozes ou presenciar pequenas manipulações espirituais. Essas manifestações são pequenas demais para desafiarem o nosso conceito de realidade, e imediatamente buscamos explicações satisfatórias: os supersticiosos respondem com simpatias; os religiosos oram, e os racionais convencem-se de que tudo não passa de ilusões criadas por uma mente cansada ou imaginativa. Dificilmente estas histórias serão passadas adiante, e esses fenômenos não tendem a se repetir, o que acaba por torná-los facilmente esquecíveis.

Casos mais óbvios ocorrem, claro, mas são extremamente raros. Você tem de ser muito azarado para se defrontar com um lobisomem furioso ou uma aparição fantasmagórica, especialmente porque instintivamente temos a tendência de evitar lugares, horários e situações em que tais manifestações sejam mais freqüentes. “Aquela rua ali? Melhor não passar por lá à noite, é muito comum acontecer coisas estranhas”. Encontros extremos com o sobrenatural costumam ter dois resultados: morte ou descontrole emocional das testemunhas. É difícil relatar histórias precisas quando você não consegue se lembrar dos detalhes porque estava mais preocupado em correr e gritar.

Testemunhos do sobrenatural tendem a ser classificados pela ciência em quatro grupos: impressões erradas ou exageradas que têm uma explicação racional; fraudes; casos sem explicação, e casos sem provas suficientes para determinar sua veracidade. Em geral, apenas aqueles diretamente envolvidos no estudo do caso defendem as duas últimas classificações; a maioria da comunidade científica se apega às duas primeiras.

Já a reação das próprias testemunhas varia. Muitas contestam o que viram, mas algumas aceitam que o mundo é diferente do que imaginavam. O que fazem com esse conhecimento, contudo, é abordado extensivamente em Desbravadores do Oculto.

RUPTURAS NA REALIDADE

“O que me impede de filmar, fotografar ou criar meios de detectar o sobrenatural?”

O problema da ciência com o sobrenatural não é o fato de que este é desconhecido, mas sim que é incompreensível. Quando um evento sobrenatural ocorre, ele literalmente desafia as leis da física, ruindo-as e reescrevendo-as temporariamente. Como um objeto que cai sobre um corpo aquoso plácido, a presença do sobrenatural forma ondas, que por sua vez criam eventos inesperados.

É por isso que, na presença de manifestações sobrenaturais, gravações, filmagens, fotos e outras provas são corrompidas, apresentando falhas: literalmente, por alguns instantes, a eletricidade não flui como esperado num circuito eletrônico, ou pequenas reações anômalas prejudicam processos químicos. A magnitude desses “ruídos” depende do evento que os causam: a simples presença de um ser sobrenatural em geral é insuficiente para torná-los notáveis. Quanto mais notável for o evento, porém, maior a intensidade da interferência. Logo, uma câmera pode sofrer pequenas falhas no som e na imagem captados diante de um vampiro manipulando mentes alheias, mas pode até mesmo sair do ar por alguns minutos durante uma invocação demoníaca.

Essas falhas tornam difícil a captura de imagens que não pareçam forjadas. Contudo, as coisas são mais complicadas ainda: não há como ligar essas falhas a nenhuma causa física. Alguns estudiosos do oculto podem teorizar que o sobrenatural provoca alguma forma de radiação ou energia, por exemplo, e tentam encontrar essa “radiação” a fim de criar uma maneira de detectar o sobrenatural. Na prática, contudo, essa detecção é impossível porque não há nenhuma radiação ou energia gerada: as interferências simplesmente ocorrem sem causa física aparente.

O mesmo se mostra verdadeiro quando se tenta analisar qualquer fenômeno paranormal: um psíquico telecinético pode mover objetos com o poder de sua mente, mas não há nenhuma energia manipulando o objeto; um demônio poderoso pode alterar o clima regional, a despeito de todo o sistema fechado que é a atmosfera terrestre; um espírito pode assumir forma física, assim criando matéria a partir de “nada” e violando as leis de conservação da física. Quando o fenômeno é interrompido, as leis naturais retomam o controle e retornam ao seu comportamento normal, dissipando quaisquer provas de que algo não-natural ocorrera ali.

SUBSTÂNCIAS MISTERIOSAS

“Nossos métodos científicos não seriam capazes de encontrar e analisar ‘material desconhecido’ deixado pelo sobrenatural?”

Embora boa parte das atividades sobrenaturais desapareça sem deixar vestígios, alguns fenômenos, em especial criaturas monstruosas, podem deixar sinais de sua passagem. Um lobisomem em fúria sangra, solta pêlos ou pode perder dentes durante seu ataque; um vampiro esfaqueado deixa vestígios de sangue na lâmina que o apunhalou; um espírito materializado pode ser ferido e “sangrar” pequenos traços de massa etérea. O que acontece, então, quando esse material é estudado?

A análise desse material traz três possibilidades, sendo a primeira a reversão a um estado natural. Este é o caso de vestígios deixados num ataque de lobisomem: dentes, sangue ou pêlos retornam ao estado humano. Análise forense implicará na descoberta de DNA mundano, e nenhuma característica anormal. Obviamente, marcas de mordidas e garras, pegadas e outros sinais deixados pela passagem da criatura não se revertem, o que pode tornar a investigação confusa e incoerente.

A segunda possibilidade é a de material ser considerado “contaminado” ou “manipulado para se impedir análises”. Sangue vampírico, por exemplo, é composto por amostras sangüíneas das múltiplas vítimas da criatura. Amostras de DNA encontradas no sangue estarão quebradas e incompletas, criando resultados imprecisos e divergentes. De forma similar, mortos-vivos destruídos deixam cadáveres em estado de decomposição avançada, mas sem sinais de ação de bactérias ou insetos comumente encontrados em cadáveres sob processo de putrefação. Isso impossibilita a definição da hora e, ocasionalmente, da causa da morte.

A terceira possibilidade, comum em manifestações de seres de outros mundos, traz informações contraditórias. Uma entidade espiritual, quando materializada, assume a aparência e as características de carne, ossos e sangue (ou mesmo elementos não-vivos!). Apesar dessa simulação, massa espiritual não é matéria, e tende a se desmaterializar rapidamente se separada da entidade que lhe deu origem. Por isso, “sangue espiritual” tende a desaparecer rapidamente, o que pode levar algum pesquisador a acreditar que a perda rápida de massa é sinal de alguma forma de radioatividade, mas na prática não há geração de radiação alguma, nem criação de material inerte.

Imaginando, contudo, que seja possível analisar o material espiritual antes que ele desapareça, os resultados seriam inconclusivos: ao invés de se encontrar um “elemento desconhecido”, que poderia ser classificado, encontram-se leituras contraditórias, com elementos aleatórios em estados fora do comum para as condições locais de pressão e temperatura. Se mais de uma análise for feita no mesmo material, a massa materializada pode provocar leituras completamente diferentes, pois embora forma e consistência permaneçam as mesmas, a composição “material” se alterna constantemente ao tentar emular as propriedades de matéria verdadeira.

Seja qual for o caso, é impossível criar uma forma segura de detecção do sobrenatural. Material genético ou celular deixado por lobisomens nunca aponta qualquer sinal da maldição; o sangue de um vampiro nunca trará leituras iguais; não há “radiação” ou análise que detecte presença espiritual. Em geral, quando uma análise forense esbarra nesse tipo de evidência, o resultado é inconclusivo por falta ou contaminação de provas, e o caso é arquivado.

PRÁTICAS MÍSTICAS

“Por que cientistas não conseguem reproduzir os efeitos de magia?”

Magia é subjetiva: ela não é definida por leis absolutas, mas pelos conceitos compreendidos pelo praticante. Para manipular magia, o praticante precisa mais do que estudá-la: é necessário ter a disciplina apropriada, o pensamento elevado e a crença de que ela é possível. A maioria dos cientistas não é capaz de executar o mais simples dos rituais exatamente porque sua mente foi treinada para duvidar e questionar. Ao invés de aceitar que ele é capaz de manipular as leis naturais, o cientista limita seu próprio potencial místico ao desejar que tudo seja explicável pela observação do mundo natural.

É preciso avaliar também que existem níveis diversos de rituais e feitiços, e que magia está longe de ser como nos filmes e videogames, cheia de luzes e sons facilmente perceptíveis. A maioria dos ritos tem efeitos quase invisíveis: alterações na sorte e no destino ou proteção contra entidades espirituais, por exemplo. É claro, existem algumas práticas místicas realmente potentes, mas elas têm alto nível, e uma pessoa despreparada será incapaz de realizá-las, mesmo que siga os passos com exatidão.

Imaginemos, contudo, que todos esses obstáculos pudessem ser ultrapassados, que um místico experiente se dispusesse a colaborar com uma experiência científica e demonstrasse claramente que magia é possível e real. Ainda que os cientistas presentes acreditassem plenamente e não tentassem encontrar explicações racionais para o “truque”, o que isso mudaria? Nenhum dado concreto seria armazenado, nenhuma prova seria coletada, quaisquer gravações seriam contaminadas pelo sobrenatural. Seria impossível passar informações que permitissem a reprodução ou a observação do evento por outros cientistas. A comunidade científica contestaria quaisquer resultados, e o mundo permaneceria descrente e ignorante. Talvez seja melhor assim.

Citação :
Olhando para o Passado

Alguns ocultistas acreditam que no passado a magia e os elos com o sobrenatural eram mais fortes, que invocações de espíritos, milagres e objetos de poder eram mais comuns. Isso é baboseira: a humanidade nunca dominou a magia, e o mundo nunca foi um lugar fantástico e maravilhoso como esses ocultistas gostam de imaginá-lo.

É claro, alguns xamãs de fato se comunicavam com espíritos; alguns sacerdotes realmente realizavam milagres; alguns bruxos sem dúvida podiam criar maldições ou se transformar em animais. Contudo, eles eram exceções, os raros indivíduos capazes de realmente manipular o mundo com o poder de suas almas. O resto dos assim considerados “homens santos” e “feiticeiros” eram apenas curandeiros supersticiosos ou líderes religiosos, e as pessoas acreditavam neles da mesma forma que ainda hoje se apegam a qualquer religião: por pura fé.

Magia é uma força convoluta e daninha, que corrompe e destrói com o tempo. Alguns ocultistas se apegam a lendas de grandes civilizações que usaram forças místicas no seu dia-a-dia: Thule, Atlântida, Lemúria, Mu e tantas outras. Se estas civilizações realmente existiram, então não deixaram provas de sua existência, apenas evidências e indícios. Ora, não é essa a principal característica de muitos eventos sobrenaturais? O que teria acontecido com elas? Provavelmente foram destruídas ou corrompidas pelas próprias forças que tentavam manipular.

Há uma lição importante a se aprender nisso: se nossa sociedade sobreviveu até os dias atuais, é porque não usou extensivamente o sobrenatural como uma ferramenta. Nisso, a ciência nos faz um grande favor: melhor nos apoiarmos em conhecimentos concretos e técnicas imanentes e deixar essas forças transcendentes esquecidas e desacreditadas na escuridão.

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